Vaidade de Othelino gritou tão alto que acordou Felipe Camarão
Othelino confraternizou com Braide e fez questão de espalhar que o prefeito poderia ser o candidato do grupo ao governo em 2026
Por Antônio Padilha
De O Jogo do Poder, em São Luís
Publicado em
07
de
janeiro
de
2025
Atualizada em
07/01/2025 : 11h01
A maior causa da queda de políticos de primeiro escalão é a vaidade. É o veneno que cega. E não há nada mais vulnerável do que um político cego. Cegueira e vaidade são os ingredientes principais da imprudência. Imprudência é o primeiro passo na curta escada do erro. Ao exclamar para todos ouvirem que Eduardo Braide é seu “plano B”, Othelino Neto deixou sua vaidade acordar Felipe Camarão.
Entre todas as lições que a mitologia grega oferece, a história de Teseu e Ariadne pode ser a mais significativa sobre traição. Ariadne, filha do rei Minos, apaixonou-se pelo herói Teseu e o ajudou a derrotar o Minotauro e seu labirinto. Movida pelo amor, Ariadne sacrificou-se por Teseu, acreditando em um futuro juntos. Contudo, após alcançar seu objetivo, ele abandonou-a em uma ilha deserta.
Assim como Ariadne, Felipe Camarão foi o fio que guiou os dissidentes do governo Brandão desde o começo da discórdia. Toda vez que alguém era contrariado, eram as barras das calças de Felipe Camarão que os revoltosos procuravam. Sem ele, não existiria uma oposição. Isto porque o único trunfo dos dissidentes dependia, e ainda depende, da posição dele de vice-governador.
Passados alguns meses, o jogo de força entre dissidentes e governistas ganhou ingredientes de manobras jurídicas e conspirações políticas. A figura de Felipe Camarão, tão importante para manter o grupo vivo, deixou de ter importância. Pelo menos foi o que escancarou Othelino Neto ao abrir as portas do grupo para Eduardo Braide.
Desde 2021 ficou acordado que a cadeira de líder do grupo estava reservada a Felipe Camarão. Mas, vaidoso, assim que sentiu o sabor de um pouco de poder, Othelino tratou de mostrar que Felipe Camarão é descartável. Othelino confraternizou com Braide e fez questão de espalhar que o prefeito de São Luís poderia ser o candidato do grupo ao governo em 2026 em caso Camarão falhar como plano A.
Assim como Teseu chutou Ariadne, Othelino mostrou que pode muito bem chutar Felipe Camarão. Não é interpretação! É fato: a aproximação de Braide é um flerte indiscutível para 2026.
No entanto, diferentemente de Ariadne, Felipe Camarão parece ter recolhido a linha antes da traição.
Recentes demonstrações de proximidade entre o vice-governador e os governistas revelam que Camarão revisitou a história e não pretende ocupar o lugar de traído. Em meio a um clima de guerra e confusão criado por Othelino, até mesmo dentro do próprio grupo, Felipe Camarão tenta um caminho em que seja ele o protagonista, não Othelino e seu “parça” Eduardo Braide.
Será que entendeu que Brandão e todos os vice-governadores antes dele tornaram-se governadores não sendo marionetes e lutando as lutas de gente como Ohelino? Parece que… sim!
Teseu usou Ariadne como meio para atingir seus objetivos. Só que a traição teve um retorno. Foi banido pelo povo ateniense e buscou refúgio na ilha de Esquiro, governada pelo rei Licomedes. Lá, envolveu-se em intrigas políticas e acabou traído pelo próprio rei, que o empurrou de um penhasco.
Parece que a vaidade de Othelino, quando exilado nos braços de Eduardo Braide, o empurrou do penhasco antes de ele ter saído do labirinto.