No dia seguinte à defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao regime do presidente venezuelano Nicolás Maduro, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, declarou nesta sexta-feira (30), que a Venezuela não possui um governo democrático.

Durante uma entrevista à GloboNews, a ministra foi questionada sobre as declarações de Lula, que foram feitas em uma entrevista à Rádio Gaúcha no dia anterior, mas evitou comentar diretamente o que o presidente disse, alegando desconhecer o contexto em que foram feitas. Entretanto, quando questionada diretamente sobre sua visão da Venezuela, Tebet afirmou que não considera o país como uma democracia.

Segundo a ministra, ela possui uma visão particular sobre o governo venezuelano, que não respeita os direitos fundamentais, a liberdade de expressão e impede o cidadão de expressar críticas construtivas ao governo. Para Tebet, quando um governo não garante esses direitos, que são essenciais para uma democracia, ele não pode ser considerado democrático.

Em relação à declaração de Lula de que o conceito de democracia varia de pessoa para pessoa, Tebet assegurou que ela e o presidente compartilham do mesmo conceito de democracia. Ela lembrou que apoiou Lula no segundo turno das eleições presidenciais do ano anterior, após ter terminado em terceiro lugar no primeiro turno.

A ministra enfatizou que a democracia é um direito fundamental, absoluto e irrevogável do povo brasileiro, ressaltando o direito de ir e vir, o direito ao voto e a liberdade de expressão como pilares da democracia. Ela também destacou a importância de não permitir que a democracia seja atacada sem punição.

Em sua entrevista à Rádio Gaúcha, Lula foi questionado se a Venezuela é uma democracia, e ele respondeu que o país vizinho realiza mais eleições do que o Brasil. O entrevistador argumentou que eleições não são garantia de democracia, ao que Lula retrucou afirmando que o conceito de democracia é relativo para cada pessoa.

Após a repercussão de sua fala na rádio de Porto Alegre, Lula, em um discurso no evento do Foro de São Paulo, que reúne partidos e entidades de esquerda da América Latina, declarou que a democracia não é um pacto de silêncio, mas uma sociedade em movimento. Ele também expressou sua preferência por governantes do campo progressista em comparação com os da direita, mesmo quando cometem erros.

Recentemente, Lula recebeu críticas ao receber Maduro com honras de chefe de Estado no Palácio do Planalto e ao classificar como “narrativas” as denúncias de violações de direitos humanos, perseguição a opositores e fraudes eleitorais feitas por entidades de defesa dos direitos humanos e membros da comunidade internacional contra o governo de Maduro.