Uma perícia da Polícia Federal em celulares do agente Wladimir Matos Soares, preso por envolvimento na tentativa de golpe de Estado que visava impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, revelou áudios alarmantes.

Nas gravações, Wladimir, de 53 anos, admite integrar uma equipe armada que planejava prender ministros do Supremo Tribunal Federal, incluindo Alexandre de Moraes, e estava disposta a usar força letal para impedir a transição democrática.

“A gente ia com muita vontade, ia empurrar meio mundo de gente, pô, matar meio mundo de gente. Não ia estar nem aí”, afirma em um dos áudios periciados. O agente, que integrava uma equipe de operações especiais com “poder de fogo elevado”, relata que aguardava apenas a ordem de Jair Bolsonaro para agir. Segundo ele, o ex-presidente “deu para trás” diante da iminente posse de Lula, o que frustrou o plano golpista.

Wladimir também expressa desprezo pelo alto comando do Exército, que, segundo ele, teria se “vendido” ao novo governo. Em outro trecho, critica Bolsonaro por não agir com apoio dos coronéis: “Faltou um pulso para dizer: não tenho general, tenho coronel.”

As mensagens revelam ainda conversas com outros policiais federais, incluindo um delegado que sinaliza apoio ao plano. Em tom de derrota, Wladimir narra que chorou ao ver Lula assumir a presidência, lamentando a falta de ação. As provas reforçam o envolvimento de membros do Estado em uma organização criminosa com intenções explícitas de abolir o Estado Democrático de Direito.

O agente foi denunciado pela PGR e permanece preso. O caso amplia a gravidade da trama golpista e expõe o risco real de ruptura institucional com apoio de agentes públicos armados.