Um levantamento realizado pelo jornal O Globo revelou uma correlação entre o apoio dos parlamentares à aprovação do novo arcabouço fiscal e o recebimento de emendas do governo federal.

De acordo com os dados obtidos, os congressistas que votaram a favor do projeto receberam em média três vezes mais emendas do que aqueles que foram contrários à proposta.

No dia 23 de maio, o texto-base da nova regra fiscal foi aprovado com 372 votos favoráveis e 108 contrários. A análise dos dados revelou que os parlamentares que apoiaram a medida receberam em média quase R$ 7 milhões em emendas entre janeiro e o dia da sessão, enquanto os demais parlamentares receberam cerca de R$ 2,3 milhões no mesmo período.

A pesquisa considerou um total de 264 deputados que participaram da votação e também apresentaram emendas no ano passado para serem liberadas em 2023. 

As emendas individuais são de execução obrigatória, ou seja, o governo é obrigado a realizar os pagamentos. No entanto, o Executivo tem a possibilidade de controlar o ritmo de liberações de acordo com seus interesses no Parlamento.

Dentre os 264 deputados analisados, 61 votaram contra o arcabouço fiscal, o que representa 23% do total. Surpreendentemente, os parlamentares que se posicionaram contrariamente à proposta correspondem a 37% daqueles que não tiveram nenhum valor empenhado para suas emendas.

No partido Republicanos, que se declara independente, houve 34 votos favoráveis e cinco contrários. Nessa legenda, Aluísio Mendes (MA) recebeu R$ 17,7 milhões em emendas, enquanto Hugo Mota (PB) obteve R$ 15,1 milhões.

É importante destacar que o governo federal intensificou a liberação de emendas nas semanas que antecederam a votação do arcabouço fiscal. Até o momento, foram empenhados quase R$ 2 bilhões em emendas individuais para deputados federais, reservando-se um total de cerca de R$ 3 bilhões para todos os tipos de emenda.