A tentativa do deputado estadual Othelino Neto (PCdoB) de se aliar ao deputado federal Josimar Maranhãozinho (PL) para formar uma base de apoio na Assembleia Legislativa do Maranhão é um reflexo do desalento ético que domina parte da política estadual.

A articulação, marcada por interesses pessoais e estratégias de poder, evidencia o desespero de Othelino para manter sua relevância política, mesmo ao custo de se associar a figuras investigadas por corrupção. 

Othelino, conhecido por seu perfil fisiologista, construiu sua carreira sobre a habilidade de adaptar-se às conveniências do momento. Essa aproximação com Josimar Maranhãozinho, no entanto, parece ultrapassar os limites do pragmatismo político.

Josimar, que acumula um vasto histórico de investigações por desvios de recursos públicos, é alvo de acusações graves, como no caso da Operação Descalabro, que revelou o desvio de R$ 15 milhões de emendas parlamentares destinadas à saúde. Essa escolha estratégica coloca em xeque o compromisso de Othelino com a ética e a responsabilidade pública.

Além da saúde, Josimar também é acusado de fraudes em obras de pavimentação no município de Zé Doca, administrado por sua irmã, onde R$ 1,8 milhão desapareceram em contratos com empresas fantasmas. Sua trajetória política está recheada de escândalos que incluem lavagem de dinheiro e corrupção.

Para Othelino, a aliança com uma figura tão comprometida é um risco calculado, mas que pode custar caro tanto para sua reputação quanto para o já combalido cenário político maranhense.

Essa articulação não deveria ser vista apenas como uma movimentação política – ela é um grave alerta sobre o estado da ética na política local. Ao se aliar a Josimar, Othelino reforça a mensagem de que, no Maranhão, os interesses pessoais podem superar qualquer compromisso com os eleitores ou com o bem público.