Na visita quase surpresa que fez em maio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ditador venezuelano Nicolás Maduro recorreu a uma delicada operação aérea que manteve sob sigilo nos sistemas públicos de rastreamento os dados de identificação de dois dos três aviões empregados na viagem.

Na chegada, como mostrou a coluna na ocasião, uma das aeronaves “escoltou” o Airbus A-319 da estatal Conviasa em que estava Nicolás Maduro em praticamente todo o percurso no espaço aéreo brasileiro. Nos sistemas de busca, o avião aparecia “bloqueado”, sem qualquer identificação.

A aeronave acompanhou o jato de Maduro desde a decolagem de Caracas, a capital venezuelana, até o pouso em Brasília. Não era possível saber nem sequer seu modelo, o que ocorre quando a tripulação aciona um comando especial para evitar que os dados apareçam nos buscadores.

Indagada, a Força Aérea Brasileira não deu informações sobre a aeronave. Parte do mistério, porém, foi desvendada.

O terceiro avião, exatamente o que aparecia “bloqueado”, é um jatinho com bandeira de San Marino, o microestado europeu encravado no território da Itália considerado por parte do mundo como paraíso fiscal.

“Propriedade privada”

Nos registros públicos, o luxuoso Dassault Falcon 900EX de prefixo T7ESPRT aparece como uma aeronave de propriedade privada, mas tem sido utilizado com frequência nos últimos tempos em voos de autoridades do governo da Venezuela.

São raras as viagens em que a aeronave aparece identificada nos sistemas de rastreamento. Os deslocamentos mais recentes com registro foram feitos sobre o próprio espaço aéreo da Venezuela e entre ilhas do Caribe, como as Bermudas.