O jornal francês Libération estampou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na capa de sua edição desta sexta (23) com o título “Lula, a decepção” e acusações de que o mandatário seria um “falso amigo do Ocidente”.

A crítica se baseia principalmente nas posições de Lula em relação à guerra na Ucrânia, afirmando que o presidente brasileiro não é o aliado valioso que se imaginava, especialmente quando se trata de isolar a Rússia, culpada por uma invasão inaceitável na Ucrânia, de acordo com o jornal. O convite a Nicolás Maduro para participar de uma reunião de presidentes da América do Sul em Brasília também foi recebido com desaprovação. A publicação pergunta se Lula não tem ciência dos abusos cometidos na “República Bolivariana do Autoritarismo”.

O Libération afirmou que Lula era esperado como um “messias” no cenário internacional, mas revelou-se uma miragem ou uma imagem borrada. As dificuldades do presidente brasileiro com o Congresso também são destacadas, com o jornal observando que suas “mãos estão atadas pelo Congresso”. Apesar das críticas, o Libération reconhece que a postura de Lula é melhor do que a de seu antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro. O encontro de Lula com o presidente Emmanuel Macron é descrito como uma tentativa de reavivar as relações bilaterais que foram prejudicadas durante o governo de Jair Bolsonaro.

Lula é retratado como um “hiperativo diplomaticamente”, realizando viagens frequentes ao exterior e encontrando-se com mais de 30 líderes, superando a quantidade de encontros de Bolsonaro em seus 4 anos de mandato. O jornal destaca que Lula encerrou os 4 anos de pesadelo chamado Bolsonaro, caracterizados por desmatamento acelerado, polarização extrema e isolamento internacional para o Brasil, uma nação mais do que emergente.

Esta é a segunda vez que Lula é criticado por um jornal francês por suas declarações. Em 7 de junho, o L’Express afirmou que a “mágica” diplomática do presidente chegou ao fim e que “Lula não é mais Lula”. Os motivos são os mesmos: a guerra na Ucrânia e a proximidade com a Venezuela.