Investigados por hostilizar Moraes contratam perícia de vídeo
A defesa busca "evidenciar a ausência de edição" no material gravado por celular, entregue à Polícia Federal (PF).
Por Antônio Padilha
De O Jogo do Poder, em São Luís
Publicado em
27
de
julho
de
2023
Atualizada em
27/07/2023 : 13h07
O casal investigado por hostilizar o ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF) contratou peritos para atestar a autenticidade do vídeo que registra parte da confusão no aeroporto de Roma. A defesa busca “evidenciar a ausência de edição” no material gravado por celular, entregue à Polícia Federal (PF).
A diligência foi divulgada pela defesa diante da expectativa da chegada dos vídeos das câmeras de segurança do aeroporto de Roma. A PF considera que as imagens do circuito de segurança do aeroporto possam dirimir contradições nas versões dos Mantovani e de ministro. Antes de as gravações do aeroporto aportarem na Polícia Federal em Roma, a defesa dos Mantovani apresentou um vídeo aos investigadores. As imagens foram feitas do celular do genro de Roberto, Alex Zanata Bignotto.
Segundo o advogado Ralph Tórtima Filho, o vídeo mostra o ministro chamando um de seus supostos agressores de “bandido”. É esse o vídeo que a defesa diz que vai periciar. A estratégia é tentar esvaziar o impacto das suspeitas que cercam os Mantovani e eliminar a versão de que eles agiram com “intuito político”, o que manteria a investigação no Supremo Tribunal Federal. Tanto o ex-ministro e sua família como os investigados pelas hostilidades já depuseram à PF.
Segundo apurou o Estadão, Moraes destacou que as ofensas a ele dirigidas tinham um viés “político” e o intuito de “constrangê-lo”. O ministro e sua família, ainda de acordo com investigadores, garantiram que as imagens do aeroporto irão comprovar a versão. À PF, Moraes relatou, na última segunda (24), que foi chamado de “bandido, comunista, comprado”. E ainda que os supostos agressores o acusaram de interferir no pleito eleitoral de 2022: “Você roubou as eleições, você fraudou as urnas”. Oficialmente, os Mantovani são investigados por supostos crimes de injúria, perseguição e desacato.
O criminalista Tórtima Filho ironizou o teor do depoimento do ministro à PF. Ao apontar para o que chamou de “curiosa inovação”, ele ressaltou que, na representação para abertura do inquérito, Moraes não citou, em nenhum momento, as frases “você roubou as eleições”, “você fraudou as urnas”. Na primeira versão de Moraes, por meio de representação escrita à cúpula da PF, ainda no dia 14 — data do entrevero em Roma —, não houve referência a urnas nem às eleições.
É nesse detalhe que a defesa se apega para tentar neutralizar as suspeitas de “crime político” atribuídas à Andréia Munarão e Roberto Mantovani Filho no episódio do aeroporto romano — versão que poderia manter o casal sob o crivo do Supremo Tribunal Federal.