Câmara pode ter 14 novos deputados e custo extra de R$ 39 milhões por ano
A medida está sendo discutida com urgência
Por Antônio Padilha
De O Jogo do Poder, em São Luís
Publicado em
06
de
maio
de
2025
Atualizada em
06/05/2025 : 09h05

A Câmara dos Deputados avalia aumentar de 513 para 527 o número de parlamentares federais como forma de atender a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determina a atualização da distribuição das cadeiras na Casa com base nos dados do Censo de 2022.
A proposta, no entanto, pode gerar impacto de cerca de R$ 39,1 milhões por ano aos cofres públicos.
A medida está sendo discutida com urgência, já que o STF estipulou o prazo até 30 de junho para que o Congresso Nacional cumpra a decisão.
Caso isso não ocorra, caberá ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) realizar a redistribuição das cadeiras.
A decisão do STF, contudo, não determina o aumento no número total de deputados, mas sim a redistribuição entre os estados.
A proposta de ampliar a composição da Câmara em 14 cadeiras é uma tentativa de preservar o número de parlamentares em estados que perderiam representação com a readequação baseada nos novos dados populacionais do IBGE.
CUSTO ADICIONAL AOS COFRES PÚBLICOS
Atualmente, cada deputado federal custa, em média, R$ 230 mil por mês — incluindo salário, verba de gabinete, cota parlamentar e auxílio-moradia. Considerando os 513 parlamentares em exercício, o gasto anual chega a R$ 1,4 bilhão.
Com a inclusão de 14 novos parlamentares, o custo anual subiria para aproximadamente R$ 1,439 bilhão, um aumento de 2,73%, segundo estimativa do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP).O cálculo não inclui despesas com viagens oficiais ou reajustes futuros.
Relator busca formas de compensar aumento de gastos
O deputado Damião Feliciano (União-PB), relator do projeto, afirmou que técnicos da Câmara estão elaborando um estudo para tentar realocar recursos internos a fim de evitar aumento nos custos globais.
Apesar disso, técnicos da própria Casa lembram que não é possível reduzir salários ou benefícios já garantidos por lei. Atualmente, o salário bruto de um deputado federal é de R$ 46.366,19.
Além disso, cada parlamentar dispõe de uma verba mensal de R$ 133 mil para contratação de assessores, R$ 45 mil de cota parlamentar para despesas operacionais, como passagens aéreas e telefonia, e mais R$ 4.253 de auxílio-moradia para aqueles que não residem em Brasília.
Efeito cascata nos estados
O possível aumento no número de cadeiras da Câmara dos Deputados também pode gerar um impacto indireto nos estados. Isso porque o tamanho das assembleias legislativas estaduais é proporcional ao número de deputados federais que cada estado possui.
Com a ampliação da bancada federal, o efeito pode se estender ao Legislativo estadual, ampliando ainda mais os gastos públicos com salários, estrutura e funcionamento de parlamentares estaduais.
O texto final do projeto ainda está em elaboração e será apresentado oficialmente aos deputados na tarde desta sexta-feira (3). A previsão é que a votação do mérito ocorra ainda no mesmo dia.
Enquanto isso, o Congresso corre contra o tempo para aprovar uma solução que evite que o TSE assuma a responsabilidade pela redistribuição das cadeiras, o que tiraria o controle político do Legislativo sobre o tema.