Durante as sessões da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos do 8 de Janeiro, parlamentares de diferentes posições políticas mencionaram um suposto “relatório” da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) que teria previsto os ataques aos prédios públicos da Praça dos Três Poderes.

De acordo com o material divulgado pelo Congresso em Foco e UOL, o conteúdo consiste principalmente em mensagens enviadas em dois grupos de Whatsapp. O primeiro é o Grupo de Whatsapp CONSISBIN (Conselho Consultivo do Sistema Brasileiro de Inteligência), criado em novembro de 2019 e administrado pela ABIN. O segundo é o Grupo de Whatsapp CIISP Manifestações, criado em janeiro de 2023 pela Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, com a participação de representantes de diversos órgãos.

As mensagens começaram a ser enviadas em 2 de janeiro de 2023, informando principalmente sobre manifestações em capitais e rodovias. Entre os dias 2 e 5 de janeiro, foi enviada uma mensagem por dia alertando sobre protestos relacionados ao resultado das eleições presidenciais de 2022 e sobre protestos em estradas, com variação de 11 a 20 pontos de concentração pelo país. Nenhuma das mensagens mencionava atos violentos ou ataques a prédios e instituições públicas.

No dia 6, às 16h30, uma mensagem trouxe um diagnóstico da atmosfera de revolta no Brasil, mencionando a convocação de atos em refinarias e distribuidoras de combustível em MG, AM e PR, além de chamadas para caravanas em direção a Brasília, greves e paralisações. No entanto, não havia dados que indicassem uma mobilização efetiva da população ou de setores da sociedade civil para essas ações.

Às 19h40, uma nova mensagem alertava para a perspectiva de manifestações em Brasília e mencionava a convocação de caravanas com manifestantes armados e a intenção de invadir o Congresso Nacional e outros edifícios na Esplanada dos Ministérios.

No dia 7 de janeiro, foram enviadas várias mensagens acompanhando o desenrolar dos eventos em Brasília, informando sobre a chegada de manifestantes, a ocupação de locais como o QG do Exército, a Esplanada dos Ministérios, o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o STF, assim como confrontos entre manifestantes e forças policiais.

Às 20h, as forças de segurança retomaram o controle dos prédios públicos após invasões que resultaram em danos ao patrimônio. Manifestantes continuavam na Esplanada dos Ministérios, e o policiamento foi reforçado em locais estratégicos. A presença de manifestantes dispersando-se continuava sendo relatada.

As mensagens não faziam referência direta a atos violentos ou ataques a prédios e instituições públicas, mas alertavam para a convocação de manifestações e possíveis ações violentas por parte de alguns grupos.