Duas em cada 10 brasileiras já sofreram ameaça de morte de parceiros
Cerca de 44% das vítimas relataram ter muito medo, mas apenas 30% prestaram queixa à polícia
Por Antônio Padilha
De O Jogo do Poder, em São Luís
Publicado em
26
de
novembro
de
2024
Atualizada em
25/11/2024 : 13h11
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Patrícia Galvão revelou dados alarmantes sobre a violência doméstica no Brasil, destacando que 21% das mulheres já foram ameaçadas de morte por parceiros atuais ou ex-parceiros, e 60% conhecem outras vítimas dessa situação. As mulheres negras, tanto pretas quanto pardas, são as mais afetadas por essas ameaças.
A pesquisa, que contou com o apoio do Ministério das Mulheres, também revelou que muitas vítimas de violência doméstica, embora conscientes do risco de feminicídio, não buscam ajuda ou denunciam seus agressores devido ao medo ou à sensação de impunidade.
Cerca de 44% das vítimas relataram ter muito medo, mas apenas 30% prestaram queixa à polícia. A falta de seriedade por parte das autoridades, a sobrecarga da rede de atendimento e a impunidade são fatores que contribuem para o aumento dos casos de feminicídio no país.
Casos trágicos, como o de Zilma Dias, que perdeu uma sobrinha vítima de feminicídio em 2011, e a própria experiência de Zilma com violência doméstica, ilustram a gravidade do ciclo de abusos. Muitas mulheres, como Zilma, sofrem em silêncio, acreditando que não há saída para o abuso que enfrentam, até que o pior aconteça.
O ciclo de violência, que envolve pedidos de perdão seguidos de novas agressões, é uma realidade cruel para muitas vítimas, que muitas vezes acreditam nas promessas de mudança dos agressores. Zilma, que sofreu abusos físicos e psicológicos por anos, relatou como a violência emocional e o isolamento a mantiveram presa a um relacionamento abusivo. Sua história reflete o que muitas mulheres enfrentam em situações de violência doméstica, onde a quebra da autoestima e a falta de apoio tornam difícil sair do ciclo de abuso.
A pesquisa também destacou a necessidade urgente de um sistema de apoio mais eficaz e acessível, incluindo a ampliação da rede de atendimento e a criação de mais serviços especializados para mulheres em situação de risco.